Lá vem ladainha...

Não, não consigo me calar diante de tamanha falta de elegância. Hoje de manhã, no alto do Morro do Cantagalo, em Ipanema, em uma sede do Criança Esperança, Carla Bruni foi assistir a um desfile de moda de roupas criadas por estilistas da comunidade.

A programação era a seguinte: durante o desfile, de cerca de dez minutos, o grupo Batucadas Brasileiras tocava a trilha ao vivo. No final, crianças de 4 a 15 anos, da escola de percussão do Cantagalo, encerravam o evento fazendo uma demonstração para a primeira-dama francesa. Acontece que o que seria uma bonita homenagem por parte dos anfitriões da casa acabou em constrangimento. Explico o porquê.

Na platéia de poucas, talvez umas cem pessoas, a maioria com alguma ligação com a França, estava boa parte do PIB carioca: homens e mulheres muito bem vestidos capricharam nos modelitos para subir até a favela atrás da primeira-dama. Pena que a elegância deles ficou restrita às grifes que usavam.

Após atraso de uma hora, a bela italiana chegou ao local, sentou-se no lugar reservado a ela, e assistiu ao desfile. Dez minutos depois, desfile já terminado, as criancinhas da bateria adentraram o espaço tocando o que ensaiaram exaustivamente durante o último mês para apresentar nesse show exclusivo para Bruni.

E foi aí que começou a saia-justa. Já na primeira música, a mulher de Sarkozy caiu fora. Ok, devia ter outros compromissos oficias que não poderiam atrasar. O problema foi que absolutamente todos os convidados foram embora atrás dela. As criancinhas fofas se apresentaram pra ninguém. Ou melhor, quase ninguém. Eu, Robertinho Silva, Oskar Metsavaht e mais meia dúzia de gatos pingados prestigiamos os jovens músicos até o final.

Não que isso seja uma redenção, mas preciso ser justa. O cara pode ser pretencioso nos filmes que faz, mas a elegância dele vai muito além das roupas que usa.

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