Dos tempos do Gordon e dos showzinhos no Arpoador

Ontem eu resolvi flanar por Ipanema. Desci a Visconde de Pirajá em direção à Francisco Otaviano e fiquei com a maior sensação de déjà vu. Passei boa parte da minha adolescência ali por aqueles lados da Teixeira de Melo e Joaquim Nabuco, e nos 20 minutos de caminhada entre os quarteirões que separam a praça General Osório da Galeria River, um filme passou pela minha cabeça.

Lembrei do sanduíche natural de cenoura com frango desfiado do Gordon, que ficava ali na esquina da praça, e que eu sempre comia depois da praia. A praia que eu freqüentava naquela época era o Posto 8, ou o Castelinho, onde eu surfava com a minha prancha de body board, uma BZ Pro roxa, junto com o meu namorado cabeludo.

Isso era o início da década de 90, quando os finais de semana só terminavam depois dos showzinhos no Arpoador, aos domingos. Lá, eu vi tocar Jorge Benjor, Tim Maia, Dread Lions, Rogê, Beto Guedes e Flávio Venturini e vários outros. Aquele calçadão da Rua Francisco Bering ficava lotado de jovens bronzeados com cara de surfistas, e de meninos com cabelos longos e queimados de sol, que faziam o maior sucesso entre as garotas.

Foi lá nesses shows de fim de tarde no Arpoador, e não no Posto 9, onde aconteceu o primeiro apitaço em protesto contra os policiais que iam dar dura no povo da areia.

E não tinha um domingo que eu fosse ao show sem antes assistir à missa na Igreja da Ressureição, ao lado da galeria River. O circuito nada ortodoxo era esse: Igreja – Arpoador – e, por fim, um bate-papo com cervejinha na Rua Maria Quitéria, cujo trecho entre o Empório e o Big Polis ficava lotado de gente em pé, no meio da rua. Lá era o Baixo Gávea de hoje.

Na andança de ontem à tarde, senti saudades da pizza de catupiry do Césare, um pequeno restaurante que fica Joaquim Nabuco, entre a Conselheiro Lafaiete e a Raul Pompéia. Bons tempos aqueles em que ainda não existia a enfadonha pizza de rúcula nem o circuito fashion de pizzarias: Capricciosa, Fiammeta, Brás. O bom mesmo era aquele catupiry suculento e gratinado que transbordava pela embalagem e que mesmo assim, a gente cobria com mostarda preta e devorava com uma coca-cola geladinha.

E tinha o inesquecível bife com batata frita e suco de maracujá natural da dona Augusta.E tinha o cineminha no Star Ipanema, em frente a Nossa Senhora da Paz. E tinha a calça de bali e o nauru. E tinham os sonhos. Muitos sonhos.....

Ontem, depois do passeio, sentei no calçadão do Arpoador, tomei uma água de coco geladinha e fiquei resgatando da memória todos esses bons momentos.

Com excessão do Fasano, da celebrável inauguração do Mistura Fina, da reforma no Barril 1.800 e da cada vez melhor programação do Laura Alvim, pouca coisa mudou por ali

O lado de lá de Ipanema continua lindo. E continua sendo.

Comentários

Dario disse…
Nauru! Eu tinha um :)

Postagens mais visitadas