O gigante negro do cinema brasileiro

Cheio de boas histórias contadas pela voz tão forte quanto serena, esse gigante preto é reverenciado pela comunidade negra do Brasil e por grandes cineastas africanos que estão no Rio por conta de um emocionante encontro de cinema que ele está promovendo.
Não fosse por esse trabalho de divulgação que estou tendo o maior prazer em realizar, dificilmente teria tido a chance de ver Samba no Trem, Alma no Olho ou Abolição, alguns dos filmes dirigidos pelo Zózimo. Pior: talvez nunca nem teria ouvido falar no nome dele. Sim, porque a menos que você seja um cinéfilo, cineasta ou estudante de cinema, não teria acesso fácil a tudo isso.
Porque no Brasil, por mais que 70% da população seja negra, eles ainda vivem em total marginalidade. Isso reflete até no acesso aos filmes que produzem - e que não são poucos. E como disse o próprio Zózimo em uma entrevista para o Fantástico, que deve ir ao ar nesse domingo, “Essa história de que no Brasil o preconceito é velado é um mito. Aqui o preconceito é descarado mesmo. Só sendo preto para sentir.....”. Duvido que essa declaração vá ao ar - o repórter parecia estar pautado para fazer uma matéria de mentirinha, o que me impressionou - mas isso é outra história.
O importante, gente, é que o Zózimo tá aí. E acabou de inaugurar, na Lapa, um centro de referência para o cinema negro: O Centro Afro Carioca de Cinema. Apesar da idade, ele está cheio de gás para continuar lutando e abrindo caminho para os mais jovens. E faz questão de frisar que "muito mais que samba e futebol, preto sabe fazer cinema muito bem".
Eu virei fã. E abracei a causa. Até porque o meu cabelo não nega...
Comentários
Espere que isso possa mudar e que nosso país possa se tornar um exemplo de sociedade em que não existe nenhum tipo de preconceitos entre raças.