Já deu

Nunca fiquei tanto tempo sem passar por este blog. Hoje me deu saudades de voltar a postar. E, como é Carnaval, esse será o tema.

Não sei se estou ficando velha, se o surfe está influenciando muito o meu estilo de vida, ou se estou sendo nostálgica e bairrista, mas o fato é que o Carnaval de rua do Rio, que para muitos que vêm de fora é uma novidade, pra mim, já deu.

A cada ano a cidade fica mais lotada de turistas e cariocas que deixam de viajar para curtir a festa momesca por aqui. Até aí, tudo bem.

Mas hoje, da janela da minha casa, em Ipanema, ouvi passar um bloco cujo repertório era entoado por uma multidão com canções típicas do carnaval baiano. Era um tal de “safado cachorro, sem vergonha” pra cá, “eu dou duro o dia inteiro” pra lá... Semana passada, após a estréia do bloco da Preta Gil no carnaval daqui, já se falou em curral vip e venda de abadás para 2011.

Não tenho nada contra o carnaval da Bahia, mas isso nada têm do charmoso Carnaval de rua carioca. A graça dos blocos que ressurgiram ou foram criados há cerca de oito, dez anos - além da folia a custo zero - eram as fantasias, as marchinhas, a presença de jovens na bateria, o clima intimista e irreverente.

Infelizmente, muitos dos blocos que passam por Ipanema, Leblon e adjacências, além de insuportavelmente lotados, estão com repertórios que soam, no mínimo, de mau gosto e que nada têm a ver com a proposta original do carnaval de rua do Rio.E mesmo os blocos de Santa Teresa, da Lapa, e do Centro Antigo, que mantêm as características tradicionais do nosso carnaval, também estão cada vez mais insuportáveis pela quantidade de gente.

O governo comemora a ocupação quase total dos hotéis, a imprensa exalta a festa fornecendo a programação completa dos blocos e cobrando organização por parte das autoridades. Mas o que era bom de verdade, já foi.

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